terça-feira, 3 de setembro de 2013

Entrevista do Mês de Setembro

Bom dia a todos,
Inaugura esse mês de setembro/2013 uma série de entrevistas para discutirmos a educação ambiental crítica; a ecologia política e a justiça ambiental. Espero que sejam muito enriquecedoras.
Hoje trazemos entrevista com a professora Bárbara Dias, Licenciada em Ciências Biológicas, Especialista em Biologia Aquática e Mestre em Ensino de Ciências.  Professora da Rede Estadual de Educação do Rio de Janeiro, Educadora Ambiental no Programa Elos de Cidadania e autora do Blog Educação Ambiental Crítica (http://eacritica.wordpress.com).

blog: Fale de sua experiência, isto é, como você se constituiu em educadora ambiental?
Bárbara: Acho que sempre tive uma inclinação pelos assuntos ambientais, pois minha área de interesse e atuação na pesquisa de iniciação científica foi à ecologia. Como professora (desde 2006) vez ou outra eu idealizava e colocava em prática algum projeto de educação ambiental com minhas turmas de ensino fundamental, médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA). Na graduação à distância do CEDERJ, trabalhei como Tutora Presencial e fui responsável pela disciplina de educação ambiental.
Em 2009 Participei de um Programa da Secretaria de Estado do Ambiente (o Elos de Cidadania) e tive contato com a possibilidade de desenvolver uma educação mais participativa e crítica, numa outra proposta que até então eu desconhecia: a educação ambiental crítica. No entanto, pelo menos no colégio que eu trabalho o projeto não foi adiante e fiquei meio frustrada... Essa experiência me deu ânimo de estudar mais sobre o assunto e decidi fazer o mestrado para pesquisar sobre essa proposta crítica em educação ambiental. Na mesma época criei o blog Educação Ambiental Crítica para divulgar alguns textos que eu escrevia e daí por diante...  Acho que tudo que reflito, teorizo e pratico se baseia (ou pelo menos tenta se basear) na proposta crítica de educação ambiental.
Após ter contato com a perspectiva crítica em educação ambiental, entendi a profundidade e a possibilidade de se desenvolver uma leitura mais completa e complexa, em relação aos problemas socioambientais.

blog: . Em sua opinião qual pode ser a colaboração da escola para a superação da crise ambiental?
Bárbara: Acho que a escola pode contribuir bastante com a reflexão dos estudantes para uma leitura mais crítica do mundo, dos problemas sociais e ambientais, levando-os a crítica ao sistema que é o gerador de todos esses problemas. No entanto, percebo que a escola é apenas mais um desses lugares, certamente os movimentos sociais organizados fazem bem esse movimento de crítica também.
Acho que qualquer possibilidade de se fazer a contraposição ao sistema é válida, ou seja, exercer a contra-hegemonia, mas para isso é preciso conhecer o sistema, para não reproduzi-lo... Voltando a escola: Será que esse lugar está preparado para isso? Será que os professores estão preparados para isso?

blog: De forma geral, como você analisa a educação ambiental praticada nas escolas atualmente?
Bárbara: Em geral MUITO conservadora, pois não pretende mudar o “status quo” da sociedade; individualista, pois está pautada apenas em mudanças de comportamentos individuais; reprodutivista, pois desenvolve projetos prontos, sem questionar, apenas aplica uma atividade pré-programada, repetindo fórmulas; e culpabilizadora, responsabiliza o cidadão comum pelos problemas socioambientais e não aponta os verdadeiros culpados, ou seja, aqueles que mais se apropriam dos recursos naturais e humanos de maneira desigual e devastadora.

blog: Crise ambiental ou crise socioambiental?
Bárbara: Com certeza crise socioambiental, acho que já até dei essa pista nas respostas acima. Inevitavelmente o que observamos é uma crise sistêmica, do sistema social, econômico em que desenvolvemos nosso modo de produção e consumo, o sistema capitalista. Que produz para além de produtos, exploração sobre o ambiente e sobre as pessoas.

blog: Indique alguma literatura interessante em educação ambiental.

Bárbara: Existem muitos autores indispensáveis para a construção de uma perspectiva crítica em educação ambiental, são eles: Carlos Frederico Loureiro, Mauro Guimarães, Isabel de Carvalho, Victor Novicki, Layrargues, Gustavo Ferreira da Costa Lima... Têm vários. Para as discussões relacionadas a crise do sistema do capital, que origina os problemas ambientais e sociais tem os autores críticos que fazem uma releitura de Marx como por exemplo o Mészáros que gosto bastante, porém, tenho ido na fonte também, ou seja, leituras “in natura” de Marx e Engels, nada mal para uma bióloga não é?

blog: Obrigado!

Um comentário:

  1. Show!
    Agradecemos ao EDUCAÇÃO SOCIOAMBIENTAL MONTEIRO LOBATO pela oportunidade de entrevista.
    um abraço,
    Bárbara Dias

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Oi, venha conosco, participe. Vc é sujeito desse projeto. Vamos discutir os problemas socioambientais de Campos Elíseos.
Abraço,

Prof. Marcio Douglas