Bom dia a todos,
Inaugura esse mês de setembro/2013 uma série de entrevistas para discutirmos a educação ambiental crítica; a ecologia política e a justiça ambiental. Espero que sejam muito enriquecedoras.
Hoje trazemos entrevista com a professora Bárbara Dias, Licenciada em Ciências Biológicas, Especialista em
Biologia Aquática e Mestre em Ensino de Ciências. Professora da Rede Estadual de Educação do
Rio de Janeiro, Educadora Ambiental no Programa Elos de Cidadania e autora do
Blog Educação Ambiental Crítica (http://eacritica.wordpress.com).
blog: Fale de sua experiência, isto é, como você se
constituiu em educadora ambiental?
Bárbara: Acho que sempre tive uma inclinação pelos assuntos
ambientais, pois minha área de interesse e atuação na pesquisa de iniciação
científica foi à ecologia. Como professora (desde 2006) vez ou outra eu
idealizava e colocava em prática algum projeto de educação ambiental com minhas
turmas de ensino fundamental, médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA). Na
graduação à distância do CEDERJ, trabalhei como Tutora Presencial e fui
responsável pela disciplina de educação ambiental.
Em 2009 Participei de um Programa da Secretaria de Estado do
Ambiente (o Elos de Cidadania) e tive contato com a possibilidade de
desenvolver uma educação mais participativa e crítica, numa outra proposta que
até então eu desconhecia: a educação ambiental crítica. No entanto, pelo menos
no colégio que eu trabalho o projeto não foi adiante e fiquei meio frustrada...
Essa experiência me deu ânimo de estudar mais sobre o assunto e decidi fazer o
mestrado para pesquisar sobre essa proposta crítica em educação ambiental. Na
mesma época criei o blog Educação Ambiental Crítica para divulgar alguns textos
que eu escrevia e daí por diante... Acho
que tudo que reflito, teorizo e pratico se baseia (ou pelo menos tenta se
basear) na proposta crítica de educação ambiental.
Após ter contato com a perspectiva crítica em educação ambiental,
entendi a profundidade e a possibilidade de se desenvolver uma leitura mais
completa e complexa, em relação aos problemas socioambientais.
blog: . Em sua opinião qual pode ser a colaboração da escola para
a superação da crise ambiental?
Bárbara: Acho que a escola pode contribuir bastante com a reflexão
dos estudantes para uma leitura mais crítica do mundo, dos problemas sociais e
ambientais, levando-os a crítica ao sistema que é o gerador de todos esses
problemas. No entanto, percebo que a escola é apenas mais um desses lugares,
certamente os movimentos sociais organizados fazem bem esse movimento de
crítica também.
Acho que qualquer possibilidade de se fazer a contraposição
ao sistema é válida, ou seja, exercer a contra-hegemonia, mas para isso é
preciso conhecer o sistema, para não reproduzi-lo... Voltando a escola: Será
que esse lugar está preparado para isso? Será que os professores estão
preparados para isso?
blog: De forma geral, como você analisa a educação ambiental
praticada nas escolas atualmente?
Bárbara: Em geral MUITO conservadora, pois não pretende mudar o
“status quo” da sociedade; individualista, pois está pautada apenas em mudanças
de comportamentos individuais; reprodutivista, pois desenvolve projetos
prontos, sem questionar, apenas aplica uma atividade pré-programada, repetindo
fórmulas; e culpabilizadora, responsabiliza o cidadão comum pelos problemas socioambientais
e não aponta os verdadeiros culpados, ou seja, aqueles que mais se apropriam
dos recursos naturais e humanos de maneira desigual e devastadora.
blog: Crise ambiental ou crise socioambiental?
Bárbara: Com certeza crise socioambiental, acho que já até dei essa
pista nas respostas acima. Inevitavelmente o que observamos é uma crise
sistêmica, do sistema social, econômico em que desenvolvemos nosso modo de
produção e consumo, o sistema capitalista. Que produz para além de produtos,
exploração sobre o ambiente e sobre as pessoas.
blog: Indique alguma literatura interessante em educação
ambiental.
Bárbara: Existem muitos autores indispensáveis para a construção de
uma perspectiva crítica em educação ambiental, são eles: Carlos Frederico
Loureiro, Mauro Guimarães, Isabel de Carvalho, Victor Novicki, Layrargues,
Gustavo Ferreira da Costa Lima... Têm vários. Para as discussões relacionadas a
crise do sistema do capital, que origina os problemas ambientais e sociais tem
os autores críticos que fazem uma releitura de Marx como por exemplo o Mészáros
que gosto bastante, porém, tenho ido na fonte também, ou seja, leituras “in
natura” de Marx e Engels, nada mal para uma bióloga não é?
blog: Obrigado!
Show!
ResponderExcluirAgradecemos ao EDUCAÇÃO SOCIOAMBIENTAL MONTEIRO LOBATO pela oportunidade de entrevista.
um abraço,
Bárbara Dias