terça-feira, 26 de junho de 2012

O jornal "O Globo" tem mostrado uma série de reportagens sobre a situação dos rios no estado que, ironicamente, se chama Rio de Janeiro (assista no link abaixo). É um retrato de como um modelo de desenvolvimento econômico pode ser concentrador, excludente e cruel com os de "fora". Me chamou atenção a matéria sobre o rio Sarapuí, que desliza por municípios importantes da Baixada Fluminense e é (ou deveria ser) meio de sobrevivência para muita gente. Meus alunos de Duque de Caxias são íntimos da bacia do Sarapuí já que muitos deles moram próximos aos rias que a compõe e sofrem as consequências (ou seriam as "contra indicações") do progresso aos moldes capitalistas. 
Vejam o vídeo sobre o Sarapuí, embora com o olhar "neutro" e acrítico das organizações Globo, conta com a participação de companheiros dos movimentos sociais como o Sr. Daniel e o Rafael, atuantes em Duque de Caxias.
Sou professor em Caxias e fico indignado com a naturalidade que as crianças falam sobre sua rotina de exclusão socioambiental. Embora esse tema sequer tenha sido discutido oficialmente na Rio -20, a degradação dos rios da Baixadas por atividades econômicas e pela própria exclusão social é a face mais perversa desse "BRASIL QUE AVANÇA".
Aos companheiros professores lembramos que é no questionamento e na análise das condições objetivas de vida do nosso aluno que devemos buscar a verdadeira educação ambiental, para além do simplismo do conservacionismo e superando uma visão ingênua de educação.


http://oglobo.globo.com/infograficos/especial-rios/


Marcio Douglas.

Cúpula dos Povos - Declaração Final

Boa Noite a todos,

Estamos de volta com nosso blog. Compartilho da declaração final da CP na Rio - 20.


DECLARAÇÃO FINAL
CÚPULA DOS POVOS NA RIO+20 POR JUSTIÇA SOCIAL E AMBIENTAL
EM DEFESA DOS BENS COMUNS, CONTRA A MERCANTILIZAÇÃO DA VIDA

Movimentos sociais e populares, sindicatos, povos e organizações da sociedade civil de todo o mundo presentes na Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, vivenciaram nos acampamentos, nas mobilizações massivas, nos debates, a construção das convergências e alternativas, conscientes de que somos sujeitos de uma outra relação entre humanos e humanas e entre a humanidade e a natureza, assumindo o desafio urgente de frear a nova fase de recomposição do capitalismo e de construir, através de nossas lutas, novos paradigmas de sociedade.
A Cúpula dos Povos é o momento simbólico de um novo ciclo na trajetória de lutas globais que produz novas convergências entre movimentos de mulheres, indígenas, negros, juventudes, agricultores/as familiares e camponeses, trabalhadore/as, povos e comunidades tradicionais, quilombolas, lutadores pelo direito a cidade, e religiões de todo o mundo. As assembléias, mobilizações e a grande Marcha dos Povos foram os momentos de expressão máxima destas convergências.
As instituições financeiras multilaterais, as coalizões a serviço do sistema financeiro, como o G8/G20, a captura corporativa da ONU e a maioria dos governos demonstraram irresponsabilidade com o futuro da humanidade e do planeta e promoveram os interesses das corporações na conferência oficial. Em constraste a isso, a vitalidade e a força das mobilizações e dos debates na Cúpula dos Povos fortaleceram a nossa convicção de que só o povo organizado e mobilizado pode libertar o mundo do controle das corporações e do capital financeiro.
Há vinte anos o Fórum Global, também realizado no Aterro do Flamengo, denunciou os riscos que a humanidade e a natureza corriam com a privatização e o neoliberalismo. Hoje afirmamos que, além de confirmar nossa análise, ocorreram retrocessos significativos em relação aos direitos humanos já reconhecidos. A Rio+20 repete o falido roteiro de falsas soluções defendidas pelos mesmos atores que provocaram a crise global. À medida que essa crise se aprofunda, mais as corporações avançam contra os direitos dos povos, a democracia e a natureza, sequestrando os bens comuns da humanidade para salvar o sistema economico-financeiro.
As múltiplas vozes e forças que convergem em torno da Cúpula dos Povos denunciam a verdadeira causa estrutural da crise global: o sistema capitalista associado ao patriarcado, ao racismo e à homofobia.

As corporações transnacionais continuam cometendo seus crimes com a sistemática violação dos direitos dos povos e da natureza com total impunidade. Da mesma forma, avançam seus interesses através da militarização, da criminalização dos modos de vida dos povos e dos movimentos sociais promovendo a desterritorialização no campo e na cidade.
Avança sobre os territórios e os ombros dos trabalhadores/as do sul e do norte. Existe uma dívida ambiental histórica que afeta majoritariamente os povos do sul do mundo que deve ser assumida pelos países altamente industrializados que causaram a atual crise do planeta.
O capitalismo também leva à perda do controle social, democrático e comunitario sobre os recursos naturais e serviços estratégicos, que continuam sendo privatizados, convertendo direitos em mercadorias e limitando o acesso dos povos aos bens e serviços necessários à sobrevivencia.
A atual fase financeira do capitalismo se expressa através da chamada economia verde e de velhos e novos mecanismos, tais como o aprofundamento do endividamento público-privado, o super-estímulo ao consumo, a apropriação e concentração das novas tecnologias, os mercados de carbono e biodiversidade, a grilagem e estrangeirização de terras e as parcerias público-privadas, entre outros.
As alternativas estão em nossos povos, nossa história, nossos costumes, conhecimentos, práticas e sistemas produtivos, que devemos manter, revalorizar e ganhar escala como projeto contra-hegemônico e transformador.
A defesa dos espaços públicos nas cidades, com gestão democrática e participação popular, a economía cooperativa e solidária, a soberania alimentar, um novo paradigma de produção, distribuição e consumo, a mudança da matriz energética,  são exemplos de alternativas reais frente ao atual sistema agro-urbano-industrial.
A defesa dos bens comuns passa pela garantia de uma série de direitos humanos e da natureza, pela solidariedade e respeito às cosmovisões e crenças dos diferentes povos, como, por exemplo, a defesa do “Bem Viver” como forma de existir em harmonia com a natureza, o que pressupõe uma transição justa a ser construída com os trabalhadores/as e povos. A construção da transição justa supõe a liberdade de organização e o direito a contratação coletiva e políticas públicas que garantam formas de empregos decentes.
Reafirmamos a urgência da distribuição de riqueza e da renda, do combate ao racismo e ao etnocídio, da garantia do direito a terra e território, do direito à cidade, ao meio ambiente e à água, à educação, a cultura, a liberdade de expressão e democratização dos meios de comunicação, e à saúde sexual e reprodutiva das mulheres.
fortalecimento de diversas economias locais e dos direitos territoriais garantem a construção comunitária de economias mais vibrantes. Estas economias locais proporcionam meios de vida sustentáveis locais, a solidariedade comunitária, componentes vitais da resiliência dos ecossistemas. A maior riqueza é a diversidade da natureza e sua diversidade cultural associada e as que estão intimamente relacionadas.
Os povos querem determinar para que e para quem se destinam os bens comuns e energéticos, além de assumir o controle popular e democrático de sua produção. Um novo modelo enérgico está baseado em energias renováveis descentralizadas e que garanta energia para a população e não para corporações.
A transformação social exige convergências de ações, articulações e agendas comuns a partir das resistências e proposições necessárias que estamos disputando em todos os cantos do planeta. A Cúpula dos Povos na Rio+20 nos encoraja para seguir em frente nas nossas lutas.

Rio de Janeiro, 15 a 22 de junho de 2012.
Comitê Facilitador da Sociedade Civil na Rio+20 - Cúpula dos Povos

Marcio Douglas

terça-feira, 19 de junho de 2012

Os herdeiros da tecnologia

Bom dia a todos,

Hoje trago uma reflexão importante sobre o modelo de desenvolvimento sob o qual estamos vivendo. Muito se tem falado em meio ambiente, sustentabilidade, economia verde e afins. Contudo, a grande mídia ignora (conscientemente) qualquer proposta de desenvolvimento que não tenha como base o industrialismo e o consumismo. Em nome dos "empregos" e da acumulação de capital de poucos, destrói-se a natureza num processo de apropriação que avança sobre florestas, solos, rios, atmosfera, enfim que degrada de forma "insustentável" e estúpida o meio ambiente. Quem fica com os rejeitos desse processo? Quem fica com a herança da degradação ambiental?
O Prof. Henri Acselrad, pesquisador do IPPR/UFRJ, dá pistas preciosas para responder essas questões. Vale a pena ver sua entrevista no link abaixo.


Abraços,

Marcio Douglas

domingo, 17 de junho de 2012

Bom dia a todos,

Até a grande mídia já admite um certo esvaziamento na Rio + 20. Ora, só a ausência dos chefes de estado dos EUA, Alemanha e Reino Unido já demonstra que nas suas agendas não cabe o tema meio ambiente. Até o tal "fundo verde" já foi retirado do documento oficial. É louvável o esforço de ativistas, dos movimentos sociais e de vários segmentos da população interessados na busca pela cidadania e por um meio ambiente equilibrado, contudo o evento tornou-se um palanque para os defensores da chamada economia verde. Foi o mercado, com sua ganância e sua busca por lucros infinitamente crescentes, que nos trouxe essa crise ambiental. Será que devemos acreditar que o mesmo mercado vai ser nosso salvador???
Leia a entrevista do Prof. Boaventura Santos e reflita.


Bom domingo.

Marcio Douglas.

sábado, 16 de junho de 2012

Bom dia pessoal,

Hoje os movimentos sociais do entorno da Baía de Guanabara estão praticando um "tox tur", passeio pelas comunidades afetadas por várias atividades industriais no entorno da baía. Desses passeis participarão jornalistas, ativistas, estudantes, movimentos sociais e outros participantes da rio+20. Nos próximos dias trago mais detalhes e também os resultados dessas atividades.
Tem havido um enorme esforço por parte das autoridades e da mídia para mostrar o Brasil como um bastião da preservação ambiental. Isso não é verdade. O que vemos é um projeto de crescimento econômico baseado em grandes obras e profundas intervenções na natureza e que não respeita o modo de vida e a diversidade das populações tais como quilombolas, pescadores, pequenos agricultores, indígenas, entre outros.
O link abaixo mostra que este projeto vai além de nossas fronteiras e fere os direitos de cidadãos de outras regiões do mundo, especialmente em países africanos. Vale conferir.

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Marcio Douglas

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Um pouco de Economia Verde...


Boa tarde a todos,

Os funcionários do IBAMA; do Instituto Chico Mendes e de outros organismos do Ministério do Meio Ambiente, divulgaram no final do mês passado uma carta à população brasileira na qual denunciam a forma inescrupulosa como têm sido conseguidas as licenças ambientais para vários os projetos megaprojetos que os governos reputam como fundamentais no processo de desenvolvimento econômico do país.
Trata-se de um "banho de realidade" nesse momento em que os olhos do mundo estão voltados para o Brasil, que quer ser exemplo de sustentabilidade...isso é mercado verde. Abaixo o trecho final da carta e o link para acessar sua íntegra.

Abraço a todos,

Marcio Douglas

"Portanto, decidimos não mais calar diante de tais absurdos, e revelar a todo o país, neste momento em que ele está no foco da questão ambiental, qual é a realidade que vivemos: desvalorização completa, falta de recursos, e constante pressão para validar um projeto político e econômico, que mascarado de desenvolvimento e economia verde, distribui, de forma injusta, mais degradação e desastres ambientais.
Pedimos o apoio de todos aqueles que temem pelo retrocesso ambiental pelo qual estamos passando, para que juntos possamos realmente contribuir com o Brasil, esse país que é formado por pessoas, matas, animais, rios, e inúmeras riquezas naturais que merecem ser defendidas.
Rio de Janeiro, 31 de maio de 2012"


O pessoal da ONG 5º Elemento, parceiros de primeira hora, está com atividades na Cúpula dos Povos. Vale a pena conferir.

FORUM ECOSSOCIAL DA BAIXADA REALIZARÁ ATIVIDADES NA CÚPULA DOS POVOS

Amig@s,


Nos dias 15, 21 e 22 de junho estaremos na Cúpula dos Povos por Justiça ambiental e social realizando atividade denominada VIVÊNCIA E APROPRIAÇÃO DO SABER POPULAR PARA O DESENVOLVIMENTO DA CULTURA AMBIENTAL.
No espaço Território do Futuro estaremos fazendo troca de sarber popular, oficinas e exposição de artesanato feito com materiais reaproveitados.
Contamos com a participação de todos vocês!


EQUIPE 5º ELEMENTO

Marcio Douglas.
Bom dia pessoal,

Alguns problemas técnicos nos impediram de manter uma frequência de postagem, mas estamos voltando. E, conhecidência, logo durante a chamada Rio + 20. Aqui faremos uma análise das atividades dos movimentos sociais que participarão desse encontro. E uma crítica ao caráter economicista que tomou conta de todos os debates em torno do tema meio ambiente. Eles querem mitigar a degradação causa pelo mercado e pelo consumo exacerbado com um aprofundamento da "Economia Verde"........o mercado cria as contradições e agora quer conciliar desenvolvimento (nos moldes industrialistas) e conservação ambiental, a chamada "sustentabilidade". 
Essa é nossa paula. Vamos discutir uma nova economia, voltada para o desenvolvimento das pessoas e baseada na sabedoria e na autodeterminação das populações locais.
Abraço a todos,

Marcio Douglas