sábado, 29 de dezembro de 2012

O professores e suas metas

Responsabilizar os professores pelo fracasso da educação é o pior caminho que o estado pode seguir para tentar melhorar a qualidade desta. Aqui no Rio de Janeiro tanto estado quanto o município praticam políticas   de abonos aos professores que cumprem determinadas metas. Isso fere o princípio da isonomia, cria um ambiente  meritocrático que é nocivo à educação e ainda desestimula aqueles que não alcançam as tais metas. Entendo essas práticas como uma consequência da reestruturação do sistema capitalista que vem sendo colocada em práticas desde o final dos anos de 1970, que consiste na diminuição da capacidade do Estado de regulamentar aspectos da sociedade e na sua retirada de setores estratégicos em nome da atuação do mercado. 
Tal postura do Estado (neoliberalismo) fragiliza ainda mais as camadas mais pobres da população e viabiliza a atuação da iniciativa privada em setores como educação, saúde e outros. No caso dos professores penso que pagar salários compatíveis com os de outros profissionais com a mesma formação é o início do enfrentamento da questão educacional. Não se pode exigir qualidade de um profissional que tem que trabalhar em mais de uma escola para compor seu salário. O esquema de metas mascara essa realidade, culpabiliza os que deveriam ser apoiados e cria distorções como a diretora que pagava os melhores alunos para tirarem boas notas em uma avaliação externa.
Abaixo reproduzo entrevista da Prof. Dalila Oliveira para refletirmos sobre o tema.

Marcio Douglas

“A política de responsabilização dos professores tem promovido uma corrosão na carreira”

Por VOZES 21/12/2012 12:48:23
Dalila Andrade Oliveira é presidente da ANPEd, coordenadora geral da RedEstrado e professora da UFMG
Para Dalila Andrade Oliveira, o vínculo entre o resultado dos alunos e o desempenho do docente joga nas costas do professor uma responsabilidade que é do Estado e não leva em consideração outros fatores que influenciam o aprendizado
Na segunda entrevista da série especial com especialistas que debatem os desafios da valorização dos professores na América Latina, o portal Vozes da Educaçãoconversou com a professora Dalila Andrade Oliveira, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), coordenadora geral da Rede Latino-americana de Estudos Sobre Trabalho Docente (RedEstrado) e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Especialista em política educacional, gestão escolar e trabalho docente na América Latina, Oliveira fala sobre as medidas governamentais que têm avançado na questão da valorização docente, como a Lei do Piso Salarial e as diretrizes nacionais de carreira, e aponta os desafios que os professores têm enfrentado atualmente – como o novo perfil do aluno brasileiro e a política de responsabilização das escolas.
Leia a íntegra da entrevista a seguir.
Vozes – Qual são os principais desafios para a profissão docente no Brasil hoje?
Dalila - A questão da remuneração. No Brasil, os salários são muito baixos e mesmo agora, com a Lei do Piso, que consideramos uma grande vitória nessa direção, vemos a dificuldade que o país enfrenta para que os municípios e os Estados cumpram a lei. Então acho que o principal, o mais imediato dos problemas da valorização docente é a remuneração.
Vozes – Você vê semelhanças da realidade dos docentes brasileiros com os de outros países da América Latina ou do mundo?
Dalila - Com certeza, sim. Mas nós temos mais especificidades que precisam ser consideradas. O fato de sermos um país federativo e que entre os estados do Brasil há tanta desigualdade, e considerando que os docentes da educação básica pública são contratados, em sua grande maioria, pelos municípios e pelos estados brasileiros, esse é um grande problema que precisamos resolver. E essa me parece uma especificidade do Brasil que precisamos nos dar conta. Nós temos mais de 5,5 mil municípios, que contratam os seus professores e os remuneram à revelia de uma carreira nacional.
É por isso que há uma desigualdade tão grande entre os próprios professores, pelas formas de contratação e de remuneração. Eu vejo isso como um grande problema. E isso faz com que o Brasil tenha uma situação que, do meu ponto de vista, é mais urgente de ser resolvida do que a maioria dos nossos vizinhos.
Vozes – Esse problema nunca apareceu em outros países da América Latina ou eles já conseguiram resolver?
Dalila - Na realidade, a profissão docente sofre de uma crise de valorização não só no Brasil. Isso é uma tendência em muitos países do mundo e na América Latina.
Vozes – Quais deveriam ser as políticas públicas a serem colocadas em prática para enfrentar esse problema?
Dalila - Uma melhor articulação entre os governos municipais, estaduais e Federal, no sentido de assegurar as diretrizes de carreira que o Conselho Nacional de Educação já aprovou. Nós temos diretrizes nacionais de carreira desde 2009, homologadas pelo Ministério da Educação, e elas precisam se tornar práticas. Para isso nós precisamos mexer nessa articulação entre municípios, estados e governo federal.
Quer dizer, hoje nós temos uma grande concentração da arrecadação nas mãos do governo federal e justamente a responsabilidade pela fase inicial da educação (ensino fundamental e a educação infantil) é do município, que muitas vezes não apresenta condições de oferecer uma boa carreira para esses docentes. Esse é um problema muito grave.
Precisamos de políticas públicas nessa direção, que garantam uma carreira que seja mais ou menos igual no Brasil inteiro, uma isonomia de condições.
Vozes – Você acha que tem havido avanços em relação a essa valorização docente nos últimos anos?
Dalila - Apesar de serem muito poucos, acho que temos. Considero avanços a Lei do Piso e as políticas dos últimos dez anos dirigidas à formação docente dos professores em exercício nas redes públicas – que são reforços de governos estaduais e do governo federal no sentido de oferecer uma formação que seja compatível a necessidade de habilitação que o professor precisa ter para atuar naquela etapa da educação.
As próprias diretrizes de carreira também, no sentido de que já temos essas diretrizes aprovadas, mas falta serem postas em prática.
Vozes – O que significa a valorização docente?
Dalila - Para mim, a valorização docente é um conceito muito preciso. Ele foi cunhado no Brasil nos anos 60, durante o processo constituinte, e é assentado em três pilares: 1) a remuneração digna para os docentes; 2) condições de trabalho, incluindo aí carreira. É importante que o docente tenha bons vínculos empregatícios, ou seja, com ingresso na carreira (mediante concurso público), que ele tenha estabilidade no emprego e que esse trabalho tenha boas condições. Ele precisa de boas condições de trabalho para poder desempenhar bem o seu trabalho.
E o terceiro eixo é a formação. Nós entendemos que – e quando eu falo “nós”, eu represento a ANPEd – a formação mínima para o professor atuar em educação básica deve ser uma formação de nível superior. E além da formação inicial, a formação continuada, entendida como formação ao longo da vida. Quer dizer, do nosso ponto de vista, inclui, inclusive, a pós-graduação, a oferta de mestrados dirigidos mesmo à melhoria da sua prática.
Vozes – Você acha que, no caso da questão da formação, há problemas? As políticas públicas têm caminhado bem em relação a esse pilar?
Dalila - Nós avançamos um pouco na formação se você considerar que, em 1996, o ano em que foi aprovada a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) atual, apenas um terço dos professores em exercício no Brasil na educação básica em redes públicas tinha habilitação específica e que hoje exatamente o contrário (dois terços) tem formação em nível superior, com habilitação específica, e apenas um terço não tem.
Então, nós devemos considerar que nesses menos de 15 anos nós tivemos um avanço considerável. Mas é claro que temos muitos desafios no que se refere à formação. É necessário não só formar os professores que estão em exercício, como formar os novos professores, adequar essa formação à prática hoje realizada nas escolas. Essa formação docente tem que estar mais voltada, por exemplo, à ampliação do direito à educação, que trouxe para nós, nas últimas duas décadas, um novo perfil de aluno.
Se a gente considerar que em 2009, com a emenda constitucional no 59, alargamos a obrigatoriedade de quatro para 17 anos, é urgente hoje pensarmos a formação desse docente que vai atuar na educação infantil. Há muita improvisação na educação infantil.
Vozes – Qual seria esse novo perfil de aluno com quem o professor está lidando?
Dalila - Nas últimas décadas nós tivemos a entrada do segmento mais pobre da população na escola e de segmentos que antes não frequentavam a escola. A educação avançou muito no campo, nas populações ribeirinhas, em segmentos étnico-raciais. Então hoje nós temos um aluno com uma situação mais diversa dentro da escola e é importante que a instituição saiba responder a esse aluno. Para isso a formação do professor é tão importante.
Nos últimos anos nós passamos a ter também uma educação inclusiva, no aspecto dos alunos portadores de necessidades especiais. É muito importante que a formação dos professores esteja também orientada nessa direção.
Vozes – Qual é o perfil do professor brasileiro hoje?
Dalila - O perfil do professor brasileiro hoje é muito variado, mas se a gente for falar em termos estatísticos nós temos cerca de 80% mulheres, que têm em torno de 38 e 42 anos, que ganham até três salários mínimos, com formação em nível superior e em geral casadas e com filhos, dada a idade que elas apresentam.
Nós estamos tendo também cada vez mais entrada no magistério público de professores oriundos de camada social mais pobre, portanto é muito importante investir na possibilidade de acesso que ele tem a bens culturais. Por isso uma remuneração boa é fundamental para que esse professor possa ir ao cinema, ter uma televisão a cabo, comprar bons livros etc.
Como a profissão não oferece boas condições, uma remuneração compatível, boas condições de trabalho e carreira, acaba que a preferência pela licenciatura, a educação como profissão na vida não tem sido muito buscada, muito encontrada.
Vozes – Como você vê o atual processo de responsabilização docente?
Dalila - As escolas, em geral, são orientadas a responsabilizar o professor para que ele busque o seu desenvolvimento profissional por ele mesmo. Então ele que tem que buscar sua formação inicial, apesar de todas as dificuldades, buscar fazer um curso ali, às vezes por sua própria conta, para poder ter alguns pontinhos a mais na carreira, ganhar um pouco mais ou ser promovido.
Se formos pensar no aspecto mais amplo da gestão da escola, o que essa política hoje de responsabilização dos professores tem feito é promover uma verdadeira corrosão na carreira.
Hoje, nós temos visto cada vez mais gestões municipais e estaduais no Brasil vincularem o desempenho do aluno à remuneração do professor. Como se o professor só fosse produtivo se o seu aluno for bem na escola e nos testes. Então é responsabilidade dele que o aluno vá bem. E aí ele recebe uma bonificação, uma premiação, seja lá o que for.
Mas o que acontece é que nós sabemos que o desempenho dos nossos alunos não dependem somente do trabalho do professor. Depende da origem social dele, do acesso que ele tem a bens culturais, do apoio que ele tem em casa, de como que ele se entrosa na sala de aula, de quanto aquele currículo é adequado ou não ao seu aprendizado. E no final, tudo isso é obscurecido, é renegado, e a única coisa que conta, nessas políticas, é o trabalho do professor.
Realmente é uma pena isso que a gente tem visto acontecer, não só no Brasil – essa tem sido uma tendência em vários países do mundo, inclusive na Europa e na América Latina -, e que vem de fato correndo a carreira docente.
Vozes – Como deveria ser a gestão escolar ou a atuação do governo em relação a essa questão da responsabilização docente?
Dalila - Eu acho que a política de responsabilização joga nas costas do professor aquilo que é de responsabilidade do Estado e da sociedade. No caso do Brasil, a gente precisa ter um sistema nacional mais orgânico, pra que isso fique mais claro – inclusive para que essa relação primeira que a gente falava na primeira questão que você fez, entre os municípios, estados e governo federal, seja melhor equilibrada.
Além disso, o que precisamos, na realidade, não é responsabilizar o professor pelo fracasso ou pelo sucesso dos alunos dessa maneira que vincula diretamente os resultados dos testes padronizados com a produtividade docente.
O que precisamos é de boa carreira, uma boa remuneração, boas condições de trabalho, uma escola que ofereça dedicação exclusiva ao professor, para que ele possa ter maiores vínculos com a instituição e com os seus alunos. Tenho certeza que isso faria muito mais bem para a educação brasileira do que esse jogo de culpabilidade que essa política de responsabilização cria.
Vozes – Quais os principais avanços dos últimos anos na questão da profissionalização docente? 
Dalila - Não sei tivemos avanços quanto à profissionalização, não. A não ser as diretrizes de carreira das quais já falei, e o piso nacional, que dá uma ideia de profissão (quer dizer, ninguém que é contratado como tal pode ganhar menos do que isso), acho que nós estamos vivendo na realidade um ataque à profissionalização docente com essa política de responsabilização.
__._,_.___

Belo Monte

Bom dia a todos,

Vídeo interessante para fomentar um debate sobre energia e meio ambiente. Embora não avance na criticidade sobre o modelo de desenvolvimento perseguido no Brasil atualmente, é um bom indutor para a discussão com os alunos.

http://vimeo.com/32243308

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Comprar, comprar, malditos....

Em tempos de corações amolecidos pelas festas de fim de ano aí vai interessante artigo de Esther Vivas.

http://www.ecodebate.com.br/2012/12/27/comprar-comprar-malditos-artigo-de-esther-vivas/

Somos todos céticos?

Bom dia a todos,
Hoje chamo atenção para um interessante artigo do jornalista "ambiental" André Trigueiro. Saliento que não estou alinhado com todo o trabalho do jornalista, visto que acho, em alguns aspectos pouco crítico. Contudo gostei, em parte, desse artigo onde ele discute a questão das mudanças climáticas e do aquecimento global de uma lógica menos espetaculosa como é comum á grande mídia. 
Ressalvo também um certo tom "conciliador" das questões socioambientais com o desenvolvimento nos moldes industrialistas e uma crença na tecnologia como salvadora. Enfim, é uma leitura leve e, até certo ponto, reflexiva da questão (considerando que o jornalista é vinculado ao poderoso grupo "Globo" de comunicações)..

http://g1.globo.com/platb/mundo-sustentavel/2012/07/03/todos-somos-ceticos/


sábado, 15 de dezembro de 2012

Trabalho de Educação Ambiental no Monteiro Lobato

Esse foi um ano particularmente difícil em nossa escola. Tivemos vários problemas decorrentes da falta de estrutura da escola e nos últimos meses o agravamento da falta de água. Isso prejudicou nosso trabalho, mas de forma alguma nos paralisou  As Oficinas Críticas de Educação Ambiental (OCEAs) continuaram em três turmas do 9º ano. Nas próximas postagens detalho a íntegra desse trabalho. Na última semana a direção da escola (nossa parceira) conseguiu um suporte de ônibus para uma visita ao jardim botânico do RJ. Foi legal e aproveitamos para analisar criticamente aspectos da urbanização da Região Metropolitana do RJ. Valeu.







O rodo do "desenvolvimeto" no Rio de Janeiro

Bom dia a todos,
Na última semana o governador Sérgio Cabral tentou submeter à ALERJ projeto que flexibilizava o rigor das concessões de licenças ambientais no estado. A repercussão foi tamanha que o mandatário maior retrocedeu e retirou o tal projeto.
Esse fato mostra bem como se constrói o cenário ambiental no país e no RJ, particularmente. Interesses diversos que não os da população são colocados como prioridades em nome de um projeto de desenvolvimento que desconsidera as reais necessidades da população e que deteriora ainda mais as condições de parte significativa dessa população, tão desprotegida e sujeita aos desastres socioambientais tão comuns nessa época do ano.

Marcio Douglas

Posted: 12 Dec 2012 09:32 AM PST
Sérgio Cabral envia à ALERJ projeto de lei ambiental considerado retrocesso
Renan de Almeida (Rede Ambiente TV)

Em meio a protestos contra construções em Áreas de Proteção Ambiental, como no caso da Reserva de Marapendi, o governador Sérgio Cabral encaminhou à Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), em regime de Urgência, um Projeto de Lei (PL) que altera normas referentes aos Estudos e Relatórios de Impacto Ambiental (EIA / RIMA). 

O Ministério Público do Estado considera que existem pontos no projeto que significam, “no mínimo, retrocessos" enquanto outros são considerados "inconstitucionais”. Não bastasse isto, ele também libera algumas exigências para atividades potencialmente causadoras de degradação ambiental. Pede, portanto, que só seja votado após Audiência Pública. Mas, por conta da urgência do pedido imposta pelo governador, o PL deve ser votado nesta terça-feira (11).

“Foi uma surpresa pra todo mundo porque foi publicado na quinta, para ser votado agora, na terça, em única votação. São menos de quatro dias úteis para a sociedade e os parlamentares conhecerem e debaterem em uma lei que mexe com licenciamento ambiental de grandes projetos”, diz o promotor de Justiça Daniel Ribeiro. De acordo com ele, o MP pediu ao presidente da ALERJ que fosse indeferida a urgência, mas não houve resposta e a votação deve acontecer na terça-feira.

Enquanto a legislação federal exige o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) para “projetos urbanísticos, acima de 100 hectares ou em áreas consideradas de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e estaduais”, o novo PL apenas exigirá EIA para “projetos de desenvolvimento urbano em área acima de 100 hectares, quando indutores da ocupação de áreas desprovidas de infraestrutura e serviços públicos.” É, na visão do promotor, um agravante.

Em documento enviado ao presidente da ALERJ, Ribeiro e seu colega Murilo Bustamante contestam a mudança: “Mesmo diante de infraestrutura já existente, projetos maiores que 100 ha apresentam diversos impactos (viários, urbanísticos, socioeconômicos, ao meio biótico etc.) que reclamam previsão por meio de EIA, focado como todo EIA deve ser”.

De acordo com o promotor, o novo projeto “retira a voz da sociedade civil, retira o acesso. E mais do que isso, dispensa o EIA para varias atividades que é obrigatório” Ele explica que atualmente o EIA tem que ser público e o novo PL retira essa publicidade: “Sem transparência, o licenciamento de um projeto polêmico fica muito mais fácil”.

Outro ponto contestado é o que dispensa levar em consideração comentários dos afetados pelos empreendimentos. O sistema atual determina o prazo de 30 dias, antes de o projeto ser feito, para comentários por escrito e o órgão ambiental é obrigado a considerar os comentários na decisão final. "O PL retira a publicação, retira o prazo mínimo, e o órgão ambiental pode simplesmente desconsiderar os comentários", critica.

Ribeiro lembra ainda que o Estado do Rio já tentou uma mudança semelhante, mas após ação do MP, o Supremo Tribunal Federal considerou a mudança inconstitucional em 2011. “É uma insubordinação a um julgamento definitivo do supremo”, afirma.

A Secretaria do Meio Ambiente e o Instituto Estadual do Meio Ambiente não responderam as alegações do Ministério Público.


O MP, O Judiciário e os desmandos do executivo no RJ


Para que e para quem serve e atende o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e o Judiciário?

Qual o retorno do investimento que a sociedade faz de forma ditatorial, pois não é dada a esta a opção de não investir; em todo o aparato que mantém o Ministério Público inclusive nos salários pagos aos Promotores e Procuradores de justiça?

Fazemos estas perguntas ao MP, pois a barbárie tomou conta do Estado Rio de Janeiro no quesito cumprimento as leis por parte do setor público executivo.

Os descumprimentos vão a níveis inimagináveis. 
Trechos de rios que drenam para a Baía de Guanabara

Em uma simples análise, vamos até o código florestal que foi modificado sem nunca ter sido aplicado por parte do executivo, a não ser quando interessava ao individuo do momento politicamente e financeiramente.

Toda década de setenta, oitenta e noventa tivemos e temos as APPs sendo ocupadas por habitações e legalizadas pelo o executivo. 

Os acidentes ocorrem com maior frequência e ninguém é responsabilizado e punido.
Deslizamentos nas encostas do Rio de Janeiro

Onde não deveria existir habitações o executivo instala teleféricos e se promove perante a opinião pública. A justiça como sempre acompanha tudo em eternos procedimentos e intermináveis inquéritos que acabam sendo arquivados imperando a impunidade.

Conquistas sociais conseguidas com muita luta, são destruídas com decretos ou com a força daqueles que deveriam defender a coletividade e a legalidade.

Os danos socioambientais matam no atacado e cotidianamente; sejam pelos desastres naturais mais do que previstos, ou pelas mortes ocorridas com as contaminações hídricas, aéreas, alimentares por utilizações de defensivos químicos, pelos desordenamentos urbanos geradores do caos e por tantas outras faltas de gestão pública e cumprimento da legalidade em troca de um suborno, ou de uma compensação como se a vida pudesse ser compensada. 
Passivo INGÁ Mercantil Rio de Janeiro

Os noventa e dois municípios do Estado do Rio de Janeiro estão irregulares no recebimento do ICMS Ecológico e no Convênio com o Estado para o licenciamento de empreendimento de baixo impacto, pois não cumprem as condicionantes estabelecidas para tais; isso alem de outras tantas irregularidades. 

Encaminhamos ao INEA, a Secretaria de Fazenda e ao MPRJ tal situação em junho de 2012. Sabe o que ocorreu? Mesmo estando irregulares todos os municípios com direito a receber desde que cumpram as condicionantes garantidoras do recebimento, apresentaram informações fraudulentas e receberam os recursos oriundos do ICMS Ecológico. Tanto o executivo quanto o judiciário prevaricaram em suas atribuições; a impunidade e a criminalidade prevaleceram.

O ex Ambientalista, ex Deputado, ex Ministro do Ambiente, ex cumpra-se e atual Secretário de Ambiente Carlos Minc, eleito a Deputado Estadual negociou seu espaço no legislativo para ocupar espaço no executivo tudo muito normal.
Carlos Minc

Antes cumpra-se, agora não cumpra-se nada. Com suas licenças fast food; o senhor Carlos Minc juntamente com os demais secretários nos diversos municípios tem contribuído para as destruições ambientais no Estado do Rio de Janeiro. 

Quantos secretários foram e estão presos por descumprirem a legislação ambiental? Nenhum. O judiciário através de seus representantes tem nos alegado de que a legislação ambiental não possui ferramentas jurídicas que privem de liberdade àquele que comete crime ambiental.

Será que os representantes do judiciário não percebem que os danos ambientais estão tirando vidas, e que neste caso o crime passa a ser doloso, e que no crime doloso existe o dolo eventual, ferramenta jurídica que poderia estar sendo utilizada para punir os criminosos ambientais.

O que tem inibido a atuação dos representantes do judiciário em seus diversos níveis nas questões ambientais?

As atuais justificativas dos representantes do judiciário não justificam, alem de subestimar a inteligência dos que militam na temática. Quando questionamos tal situação aos representantes do judiciário, temos como resposta o silêncio e o império das impunidades.

Temos vários procedimentos no MPF e no MPRJ, sobre processos de mineração irregulares. Em alguns casos, a empresa que esta minerando se quer possui licença para tal, e mesmo assim após a justiça tomar ciência, no caso o MPF ou o MPRJ, estas empresas continuam minerando e a sociedade e a legalidade são apenas meros detalhes.

Empresa como a TKCSA na Zona Oeste do Rio de Janeiro, não possui licença de operação e já foi multada duas vezes por danos ambientais; esta e continua em operação. Cadê a justiça???????
A precariedade na rede hospitalar X Desastres ambientais evitáveis

As violações a legalidade estão em vários pontos do Estado do Rio de Janeiro: Porto Açu, Baía da Guanabara, Marapendí, COMPERJ e etc…

Há dezessete anos atuamos na área socioambiental. Participamos das três conferencias de ambiente e fizemos parte da comissão organizadora.

Participamos da criação e estivemos como conselheiro no Comitê da Baía da Guanabara e dos Sistemas Lagunares de Maricá e Jacarepaguá.

Fomos conselheiro do Fundo Estadual de Conservação Ambiental (FECAM), e participamos e atuamos no Conselho de Ambiente do Estado do Rio de Janeiro alem de outros.

Presidimos uma Instituição Ambientalista  - Defensores Ambientais do Gericinó Mendanha Tinguá (DEMGEMT), em Nova Iguaçu na Baixada Fluminense.

Estivemos como Coordenados da Assembleia Permanente das Entidades em Defesa do Ambiente do Estado Rio de Janeiro (APEDEMA RJ) na Baixada Fluminense por dois mandatos.

Temos um Canal de TV na WEB intitulado Rede Ambiente TV, onde produzimos e disponibilizamos vários vídeos e documentos que comprovam as violações e descumprimentos a legislação que vem ocorrendo.

Tudo isto, só tem servido para nos deixar a cada dia mais indignado.

Pessoas morrem e a impunidade impera.

Vemos mais uma vez o governador do Estado do Rio de Janeiro com mais uma ação marginal dentre tantas já praticada pelo mesmo; destruindo conquistas que levaram a morte de pessoas em suas concretizações, com a justiça acompanhando tudo de perto.

Não a outra opção para a sociedade do Estado do Rio de Janeiro, que não seja uma mobilização e a produção de documento a ser entregue a organismos internacionais, solicitando ajuda, já que ao recorrermos solicitando ajuda ao nosso judiciário não temos obtido bons resultados.

O Brasil é signatário em vários acordos internacionais que estão sendo violados com as ações dos diversos e supostos gestores públicos atuando em prol do capital e do lucro a qualquer custo, onde o cidadão e suas carências nada mais são que meras moedas de troca, para que alguém leve vantagens.

Para alcançar seus objetivos, o Estado do Rio de Janeiro através dos seus representantes se transformou em terra sem LEI, ou terra onde a LEI discrimina a quem atender.
Agressões policiais, uma realidade no Brasil

A questão não é criar ou modificar as leis. Não será através de papeis que iremos resolver os nossos problemas, e sim de atitudes. As leis são remédios que precisam ser administrados. E como nos remédios, alguns são de sabor ruim, e mesmo assim são utilizados para se evitar a morte de alguém. Enquanto a impunidade do não cumprimento as LEIs por parte do executivo continuar imperando; será a mesma coisa que adquirirmos um medicamento e não administrá-lo, fazendo com que venhamos a morrer pouco a pouco. 

Espero que o judiciário do Estado do Rio de Janeiro em seus diversos setores, possam se reestruturar e atender minimamente a população e não ao capital e seus apoiadores, impedindo os absurdos que estão ocorrendo; absurdos que causam tantos danos à sociedade carioca, danos que levam a morte.

Saudações socioambientais
Gilvoneick Souza 

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Mais material da rede ambiente


Bom material para a elaboração de projetos de Educação Ambiental

Marcio Douglas
Posted: 20 Nov 2012 07:01 AM PST
Posted: 20 Nov 2012 06:58 AM PST
Posted: 20 Nov 2012 06:56 AM PST
Posted: 20 Nov 2012 06:52 AM PST

Rede Ambiente TV

A Redeambiente TV é importante parceira por um diálogo sobre meio ambiente e justiça ambiental. Professor participe desse projeto em nome de uma Educação Ambiental verdadeiramente crítica em suas escolas.
Posted: 03 Dec 2012 07:46 AM PST

Acesso á íntegra dos processos de licenciamento ambiental

Car@s amig@s,

Divulgando um site do MPE-RJ que publiciza documentos de licenciamentos de grandes projetos no RJ (sugestão de Rodrigo). ....



O Ministério Público apresenta o Programa RAP, contribuindo para o acesso à informação no licenciamento ambiental. Pelo RAP são divulgados os Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e outros documentos essenciais para a verificação do impacto ambiental de grandes empreendimentos. Canal de transparência e manifestação da cidadania, de forma responsável e colaborativa, para a tomada de decisões acerca dos caminhos da sustentabilidade.


Secretaria do Fórum dos Afetados pela Indústria do Petróleo e Petroquímica nas cercanias da Baía de Guanabara - FAPP-BG

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Festival de Filmes sobre Energia Nuclear

Boa Tarde,

Boa dica de filmes críticos,


Festival Internacional de Filmes sobre Energia Nuclear do Rio de Janeiro à Nova Delhi e Bollywood
Do Sul para Sul. O Festival Internacional de Filmes sobre Energia Nuclear do Rio de Janeiro, Urânio em Movi(e)mento, é realmente um festival em movimento. O Festival que nasceu no famoso Bairro de Santa Teresa, em 2011, esteve no último outubro em Berlim e embarca para Índia no próximo mês de janeiro. O novo parceiro do festival, o cineasta indiano Shri Prakash, está organizando o festival em sete cidades: Nova Delhi, Shillong, Ranchi, Pune, Mumbai, Hydarabad e Chennai.
É uma grande honra também, fala a diretora executiva do festival Marcia Gomes de Oliveira, "o nosso festival Urânio em Movi(e)mento ter recebido convite de Kerala para participar do
VIBGYOR Film Festival, em fevereiro."
Graças ao festival Urânio em Movi(e)mento - conhecido internacionalmente como Uranium Film Festival - pela primeira vez filmes brasileiros sobre o acidente radioativo da Goiânia será exibido na Índia.
Shri Prakash: "este festival do Rio de Janeiro é muito importante para a Índia estimular a discussão sobre energia nuclear em nosso país." A situação na Índia é semelhante a do Brasil. Índia tem urânio e um governo que quer aumentar a produção da energia nuclear para desenvolver o país.

Índia será apenas a primeira viagem do festival em 2013, garante Marcia Gomes de Oliveira. "Já temos convite para outros destinos, como EUA. Mas primeiro realizaremos a 3ª edição do festival no Rio de Janeiro, planejada para 02 a 11 de maio de 2013, na Cinemateca do Museu de Arte Moderna MAM Rio."
Márcia Gomes de Oliveira: "Nós agradecemos os nossos apoiadores Faetec, Escola Técnica Estadual Adolpho Bloch, a Fundação Heinrich Boell no Rio de Janeiro e o nosso novo apoiador a Fundação Rosa Luxemburg, além do Armazém São Thiago, Bar do Mineiro e Cachaça Magnifica por manterem a sua lealdade."
Mais informação
Contato

Uranium Film Festival
Rua Monte Alegre 365 / 301
Santa Teresa
Rio de Janeiro / RJ
CEP 20.240-194
Brasil

Fone 00 55 21 2507 6704

Foto Show - Uranium Film Festival em Berlim - http://www.youtube.com/watch?v=OTvcdi8xFZs

domingo, 25 de novembro de 2012

Baía de Guanabara e Indústria do Petróleo

Bom dia a todos,

Há muito tem se discutido em diversos canais de comunicação e no âmbito de instituições ligadas ao Estado e universidades sobre a despoluição da Baía de Guanabara (BG). O fato é que há mais de vinte anos o governo do estado e as prefeituras dos vários municípios que circundam a BG vem gastando (pelo menos divulgam que gastam) quantias vultosas no projeto de despoluição da BG e o que vemos é uma degradação ambiental cada vez maior e a deteriorização das condições de existências de milhares (quiçá milhões) de pessoas que habitam em volta da BG. Não é razoável que ao mesmo tempo em que se busca despoluir este corpo hídrico, o Estado permita, licencie e incentive, em muitos casos, o desenvolvimento de atividades extremamente poluidoras e que não cumpra com sua parte no saneamento e no tratamento do esgoto lançado na BG.
Os habitantes do entorno da BG vivem em verdadeiras zonas de sacrifício ou seja são os pagam pelos efeitos colaterais de um modelo de desenvolvimento que busca a produção initerrupta de riqueza sem considerar o meio ambiente e, principalmente, os grupos menos favorecidos e influentes da sociedade.
Os pescadores da BG bem como moradores de áreas vizinhas à BG constituem um bom exemplo desse gigantesco número de excluído e sacrificados ambientalmente.
O link de hoje mostram a participação de Alexandre Anderson, presidente da AHOMAR em programa do canal FIOCRUZ muito interessante sobre a BG. Vale conferir.

http://www.canal.fiocruz.br/video/index.php?v=a-pesca-na-baia-da-guanabara

Marcio Douglas

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Pescadores na Bandeirantes

Vai hoje ao ar, as 22:30 programa da Liga da Band sobre os pescadores na Baia de Guanabara. Vale assistir.

Entrevista com a ex-ministra Marina Silva


Marina Silva alerta para risco de crise atropelar meio ambiente

A senador Marina Silva (PT-AC), ex-ministra do Meio Ambiente, está convencida de que o ano não será nada fácil. É que a crise financeira pode vir a ser usada como"cortina de fumaça" para minar os avanços conquistados na área ambiental. O sinal mais evidente é o Plano Decenal de Energia, lançado no final do ano passado, que"vai triplicar a emissão de CO2 até 2017". O plano, diz ela, é "uma das muitas ambiguidades do governo".
Não bastasse isso, estaria em pleno curso, dentro e fora do Congresso, um movimento para revogar o Código Florestal. Os líderes do movimento são os "ruralistas e o ministério da Agricultura":
É fundamental uma resposta à altura, caso contrário, vai por água abaixo todo o esforço feito no país para reduzir o desmatamento. O grande desafio é como resolver a crise econômica, sem prejuízo da agenda ambiental

A senadora, que deixou o governo em maio último, alegando dificuldades enfrentadas"há algum tempo para dar prosseguimento à agenda ambiental federal", está apreensiva. É que ela vem detectando sinais claros de que alguns setores estão preocupados em garantir o crescimento a qualquer custo, podendo, para isso, "passar por cima de todos os empecilhos, para dar conta do crescimento econômico"

É uma ambiguidade que a senadora conhece de perto, já que permaneceu no cargo por cinco anos. A proximidade com o Planalto permitiu a Marina detectar forças contrárias em constante disputa. Não é à toa que, no mesmo ano em que aprovou um plano que triplica a emissão de CO2, concomitantemente, o Brasil liderou, entre os países em desenvolvimento, o processo de assumir metas de redução de CO2, o que criou um claro "constrangimento ético" aos países desenvolvidos.
http://oglobo.globo.com/blogs/blogverde/posts/2009/01/14/marina-silva-alerta-para-risco-de-crise-atropelar-meio-ambiente-152224.asp

Injustiças ambientais: notinhas 2

Muito se tem alardeado sobre o crescimento econômicos dos chamados "paises emergentes", principalmente os BRIC´s (Brasil, Rússia, China e Índia) nas últimas décadas. Contudo, tal crescimento contrasta com o agravamento da pobreza e das injustiças sociambientais de parte significativa das populações, que são obrigadas a viver em regiões degradadas social e ambientalmente (as zonas de sacrifício) em nome de grandes empreendimentos industriais, imobiliarios ou de criação de infraestrutura. É o caso de parte das populações das periferias de grandes centros urbanos; ribeirinhos; quilombolas; indígenas, pescadores e outros grupos sociais que dependem da natureza como seu meio de existência.

Os links ilustram alguns aspecos desse mosaico de injustiças socioambientais:

Falta de saneamento básico
http://oglobo.globo.com/blogs/ecoverde/posts/2011/04/28/brasil-nao-deve-atingir-metas-de-saneamento-da-onu-377151.asp

Desmatamento
http://oglobo.globo.com/blogs/blogverde/posts/2012/10/09/amazonia-governo-cria-forca-de-seguranca-ambiental-469511.asp

Grandes intervenções para gerar energia
http://oglobo.globo.com/blogs/blogverde/posts/2012/10/09/indios-agricultores-ribeirinhos-ocupam-belo-monte-469471.asp


Injustiças Sociambientais: notinhas

Muito se tem alardeado o crescimento econômico de países chamados de "emergentes". Alguns até enxergam uma "nova" ordem econômica mundial, com a co-liderança dos BRIC´s. Contudo, o custo desse desenvolvimento econômico tem sido a exclusão socioambiental de diversos grupos economicamente "desprotegidos". É o caso de boa parte da população da periferia de grandes centros urbanos; de pescadores; índios; ribeirinhos, quilombolas, seringueiros  pequenos agricultores e outros grupos destituídos desse "novo" momento de acomodação do capitalismo.
Abaixo alguns links com aspectos dessa exclusão socioambiental:


Degradação do ar e da saúde causada por atividade industrial
http://oglobo.globo.com/blogs/blogverde/posts/2012/11/02/lei-que-revoga-isencoes-fiscais-csa-na-pauta-da-camara-do-rio-473211.asp

Luta de pescadores na Baía de Guanabara
http://oglobo.globo.com/blogs/blogverde/posts/2012/11/09/preso-acusado-de-matar-pescadores-na-baia-de-guanabara-474298.asp

Poluição e Saúde
http://oglobo.globo.com/blogs/blogverde/posts/2009/09/28/o-peso-da-poluicao-227239.asp

Salve o dia de Zumbi

Bom dia a todos,

Nossas homenagens pelo dia da consciência negra no Brasil. Ainda estamos muito longe de uma cidadania plena, assim como outros grupos também, mas continuamos buscando construir uma sociedade realmente democrática do ponto de vista social e ambiental.
Com esse friozinho o ideal é comermos uma boa feijoada, um dos símbolos de nossa resistência e influência na culinária nacional. 

Marcio Douglas.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Bom dia a todos,

Depoimento emocionando e emocionante do presidente a AHOMAR. Depois de uma tímida divulgação a grande mídia silenciou a respeito dos assassinatos dos membros da associação. A AHOMAR  representa o grito dos excluídos. É o efeito colateral desse desenvolvimentos à todo custo, homens e suas famílias aqui na Baía de Guanabara e em diversos pontos do mundo tem seus direitos á vida, ao trabalho, a dignidade violados por um projeto de crescimento econômico inconsequente e perverso que esmaga tudo e todos que se coloquem em seu caminho. Vai aqui nosso indignação e solidariedade aos indígenas, quilombolas, desempregados, pescadores, pequenos agricultores e todos aqueles que arcam com os custos socioambientais de interesses dos grupos hegemônicos.
Fica também meu mais profundo repúdio a essa grande mídia vendida (ou comprada, como queiram) que, em nome desses mesmos interesses, ilude a maioria da população com quimeras como capa do mundo, olimpíadas e outros......patrimônio da humanidade?????!!!!!!!!!



Marcio Douglas

terça-feira, 26 de junho de 2012

O jornal "O Globo" tem mostrado uma série de reportagens sobre a situação dos rios no estado que, ironicamente, se chama Rio de Janeiro (assista no link abaixo). É um retrato de como um modelo de desenvolvimento econômico pode ser concentrador, excludente e cruel com os de "fora". Me chamou atenção a matéria sobre o rio Sarapuí, que desliza por municípios importantes da Baixada Fluminense e é (ou deveria ser) meio de sobrevivência para muita gente. Meus alunos de Duque de Caxias são íntimos da bacia do Sarapuí já que muitos deles moram próximos aos rias que a compõe e sofrem as consequências (ou seriam as "contra indicações") do progresso aos moldes capitalistas. 
Vejam o vídeo sobre o Sarapuí, embora com o olhar "neutro" e acrítico das organizações Globo, conta com a participação de companheiros dos movimentos sociais como o Sr. Daniel e o Rafael, atuantes em Duque de Caxias.
Sou professor em Caxias e fico indignado com a naturalidade que as crianças falam sobre sua rotina de exclusão socioambiental. Embora esse tema sequer tenha sido discutido oficialmente na Rio -20, a degradação dos rios da Baixadas por atividades econômicas e pela própria exclusão social é a face mais perversa desse "BRASIL QUE AVANÇA".
Aos companheiros professores lembramos que é no questionamento e na análise das condições objetivas de vida do nosso aluno que devemos buscar a verdadeira educação ambiental, para além do simplismo do conservacionismo e superando uma visão ingênua de educação.


http://oglobo.globo.com/infograficos/especial-rios/


Marcio Douglas.

Cúpula dos Povos - Declaração Final

Boa Noite a todos,

Estamos de volta com nosso blog. Compartilho da declaração final da CP na Rio - 20.


DECLARAÇÃO FINAL
CÚPULA DOS POVOS NA RIO+20 POR JUSTIÇA SOCIAL E AMBIENTAL
EM DEFESA DOS BENS COMUNS, CONTRA A MERCANTILIZAÇÃO DA VIDA

Movimentos sociais e populares, sindicatos, povos e organizações da sociedade civil de todo o mundo presentes na Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, vivenciaram nos acampamentos, nas mobilizações massivas, nos debates, a construção das convergências e alternativas, conscientes de que somos sujeitos de uma outra relação entre humanos e humanas e entre a humanidade e a natureza, assumindo o desafio urgente de frear a nova fase de recomposição do capitalismo e de construir, através de nossas lutas, novos paradigmas de sociedade.
A Cúpula dos Povos é o momento simbólico de um novo ciclo na trajetória de lutas globais que produz novas convergências entre movimentos de mulheres, indígenas, negros, juventudes, agricultores/as familiares e camponeses, trabalhadore/as, povos e comunidades tradicionais, quilombolas, lutadores pelo direito a cidade, e religiões de todo o mundo. As assembléias, mobilizações e a grande Marcha dos Povos foram os momentos de expressão máxima destas convergências.
As instituições financeiras multilaterais, as coalizões a serviço do sistema financeiro, como o G8/G20, a captura corporativa da ONU e a maioria dos governos demonstraram irresponsabilidade com o futuro da humanidade e do planeta e promoveram os interesses das corporações na conferência oficial. Em constraste a isso, a vitalidade e a força das mobilizações e dos debates na Cúpula dos Povos fortaleceram a nossa convicção de que só o povo organizado e mobilizado pode libertar o mundo do controle das corporações e do capital financeiro.
Há vinte anos o Fórum Global, também realizado no Aterro do Flamengo, denunciou os riscos que a humanidade e a natureza corriam com a privatização e o neoliberalismo. Hoje afirmamos que, além de confirmar nossa análise, ocorreram retrocessos significativos em relação aos direitos humanos já reconhecidos. A Rio+20 repete o falido roteiro de falsas soluções defendidas pelos mesmos atores que provocaram a crise global. À medida que essa crise se aprofunda, mais as corporações avançam contra os direitos dos povos, a democracia e a natureza, sequestrando os bens comuns da humanidade para salvar o sistema economico-financeiro.
As múltiplas vozes e forças que convergem em torno da Cúpula dos Povos denunciam a verdadeira causa estrutural da crise global: o sistema capitalista associado ao patriarcado, ao racismo e à homofobia.

As corporações transnacionais continuam cometendo seus crimes com a sistemática violação dos direitos dos povos e da natureza com total impunidade. Da mesma forma, avançam seus interesses através da militarização, da criminalização dos modos de vida dos povos e dos movimentos sociais promovendo a desterritorialização no campo e na cidade.
Avança sobre os territórios e os ombros dos trabalhadores/as do sul e do norte. Existe uma dívida ambiental histórica que afeta majoritariamente os povos do sul do mundo que deve ser assumida pelos países altamente industrializados que causaram a atual crise do planeta.
O capitalismo também leva à perda do controle social, democrático e comunitario sobre os recursos naturais e serviços estratégicos, que continuam sendo privatizados, convertendo direitos em mercadorias e limitando o acesso dos povos aos bens e serviços necessários à sobrevivencia.
A atual fase financeira do capitalismo se expressa através da chamada economia verde e de velhos e novos mecanismos, tais como o aprofundamento do endividamento público-privado, o super-estímulo ao consumo, a apropriação e concentração das novas tecnologias, os mercados de carbono e biodiversidade, a grilagem e estrangeirização de terras e as parcerias público-privadas, entre outros.
As alternativas estão em nossos povos, nossa história, nossos costumes, conhecimentos, práticas e sistemas produtivos, que devemos manter, revalorizar e ganhar escala como projeto contra-hegemônico e transformador.
A defesa dos espaços públicos nas cidades, com gestão democrática e participação popular, a economía cooperativa e solidária, a soberania alimentar, um novo paradigma de produção, distribuição e consumo, a mudança da matriz energética,  são exemplos de alternativas reais frente ao atual sistema agro-urbano-industrial.
A defesa dos bens comuns passa pela garantia de uma série de direitos humanos e da natureza, pela solidariedade e respeito às cosmovisões e crenças dos diferentes povos, como, por exemplo, a defesa do “Bem Viver” como forma de existir em harmonia com a natureza, o que pressupõe uma transição justa a ser construída com os trabalhadores/as e povos. A construção da transição justa supõe a liberdade de organização e o direito a contratação coletiva e políticas públicas que garantam formas de empregos decentes.
Reafirmamos a urgência da distribuição de riqueza e da renda, do combate ao racismo e ao etnocídio, da garantia do direito a terra e território, do direito à cidade, ao meio ambiente e à água, à educação, a cultura, a liberdade de expressão e democratização dos meios de comunicação, e à saúde sexual e reprodutiva das mulheres.
fortalecimento de diversas economias locais e dos direitos territoriais garantem a construção comunitária de economias mais vibrantes. Estas economias locais proporcionam meios de vida sustentáveis locais, a solidariedade comunitária, componentes vitais da resiliência dos ecossistemas. A maior riqueza é a diversidade da natureza e sua diversidade cultural associada e as que estão intimamente relacionadas.
Os povos querem determinar para que e para quem se destinam os bens comuns e energéticos, além de assumir o controle popular e democrático de sua produção. Um novo modelo enérgico está baseado em energias renováveis descentralizadas e que garanta energia para a população e não para corporações.
A transformação social exige convergências de ações, articulações e agendas comuns a partir das resistências e proposições necessárias que estamos disputando em todos os cantos do planeta. A Cúpula dos Povos na Rio+20 nos encoraja para seguir em frente nas nossas lutas.

Rio de Janeiro, 15 a 22 de junho de 2012.
Comitê Facilitador da Sociedade Civil na Rio+20 - Cúpula dos Povos

Marcio Douglas

terça-feira, 19 de junho de 2012

Os herdeiros da tecnologia

Bom dia a todos,

Hoje trago uma reflexão importante sobre o modelo de desenvolvimento sob o qual estamos vivendo. Muito se tem falado em meio ambiente, sustentabilidade, economia verde e afins. Contudo, a grande mídia ignora (conscientemente) qualquer proposta de desenvolvimento que não tenha como base o industrialismo e o consumismo. Em nome dos "empregos" e da acumulação de capital de poucos, destrói-se a natureza num processo de apropriação que avança sobre florestas, solos, rios, atmosfera, enfim que degrada de forma "insustentável" e estúpida o meio ambiente. Quem fica com os rejeitos desse processo? Quem fica com a herança da degradação ambiental?
O Prof. Henri Acselrad, pesquisador do IPPR/UFRJ, dá pistas preciosas para responder essas questões. Vale a pena ver sua entrevista no link abaixo.


Abraços,

Marcio Douglas

domingo, 17 de junho de 2012

Bom dia a todos,

Até a grande mídia já admite um certo esvaziamento na Rio + 20. Ora, só a ausência dos chefes de estado dos EUA, Alemanha e Reino Unido já demonstra que nas suas agendas não cabe o tema meio ambiente. Até o tal "fundo verde" já foi retirado do documento oficial. É louvável o esforço de ativistas, dos movimentos sociais e de vários segmentos da população interessados na busca pela cidadania e por um meio ambiente equilibrado, contudo o evento tornou-se um palanque para os defensores da chamada economia verde. Foi o mercado, com sua ganância e sua busca por lucros infinitamente crescentes, que nos trouxe essa crise ambiental. Será que devemos acreditar que o mesmo mercado vai ser nosso salvador???
Leia a entrevista do Prof. Boaventura Santos e reflita.


Bom domingo.

Marcio Douglas.